O género autobiográfico sempre interessou à humanidade. Desde instrumento de investigação em ciências sociais, a documento histórico e psico-sociológico. Esta nota refere-se, contudo, aos títulos que alguns grandes escritores escolheram para as suas memórias. Há muitos exemplos desde o testemunho da vida plena Confesso que vivi de Pablo Neruda, ao Viver para contá-la de Gabriel Garcia Marquez. São metáforas que tornam imediatamente explícita uma intencionalidade.
Confessar uma vida? Uma vida plena que se vem desvelar, da forma que a escrita permite, numa obra. Marques sublinha o seu amor pela escrita: vivi para contá-la – à vida. Vivi para escrevê-la, intencionalidade e aproveitamento das coisas em redor para a literatura.
Já em Gunter Grass Descascando a Cebola a promessa é agridoce. É outro grande escritor que se promete revelar, analisando-se. No entanto, é à imagem da cebola que faz chorar, que não se desvela imediatamente e que provoca sofrimento que Grass se socorre.
Todas as imagens, por diferentes caminhos, despertam a curiosidade em saber como foi o Eu do Outro…