Objeto Totalizante e o consumo do produto mediático: notícia

No espaço mediático, o acontecimento e a sua interpretação completam, não raras vezes, um círculo em que o telespetador fica excluído. Em poucas palavras: o acontecimento representado (porque televisionado) é capturado pelos comentários que o expurgam da sua subjetividade e polissemia – isto aconteceu desta e daquela maneira. Emergem atualmente peritos de impacto na opinião pública. […]

Dispositivo representativo ou a arte de representar a realidade

Definir o que aconteceu. Ter o poder de escrever a história. Ou ainda um objetivo mais devastador: fazer acontecer do modo que quisermos, agora, neste momento. Estas tentações estão realmente facilitadas graças ao poder que as novas tecnologias disponibilizam. Não se pense, porém, que é uma possibilidade recente. Lembro-me de assistir a um documentário sobre […]

A persistência do acontecimento

Quem não se lembra das imagens do embate do avião contra as Twin Towers ou a queda desamparada de Feher a meio de um jogo de futebol? As reacções de surpresa e desamparo suscitadas por eventos inauditos são exploradas à exaustão por muitos dos actuais meios de comunicação. Dir-se-ia que as emoções captam a atenção […]

Madeleine, pois então: algumas reflexões

Os meios de comunicação actuais apelam constantemente às emoções e aos escândalos. Tudo se passa no imediato e num presente que não há forma de incorporar uma memória ou uma visão estruturada do que está para vir. É só ligar a televisão: o jogo mais importante do século é já amanhã; as declarações mais inesperadas […]

Beckham, ficções e identidade pessoal

 Tornámo-nos todos objecto de ficção: inopinadamente um interlocutor televisivo questiona-nos na rua acerca das nossas preferências sexuais ou acerca do nosso político predilecto. A opinião evocada paira no ar uns breves momentos, já desligada da pessoa que a enunciou. Não interessa tanto o anónimo questionado, mas as posições abstractas de que serviu de exemplo vivo. […]

Os media como pedagogia do esquecimento

Sempre nos espantou a demissão que os media actualmente sustentam em relação a uma função educativa na sociedade. A educação do gosto e a pedagogia cultural fizeram parte integrante das funções de muitos intelectuais e de muitos órgãos de informação até há relativamente pouco tempo. Em vez disto, fala-se agora da primazia das audiências, do […]

Terrorismo e ordem política

Um infindável número de textos se debruçou sobre o dia 11 de Setembro: o atentado conseguiu invadir o coração da lógica ocidental, o espectáculo. Eis que o terrorismo se transforma em incontornável acontecimento mediático. Por momentos não foi possível a lenta anestesia dos concursos. É que, quotidianamente, milhões de pessoas, no mundo ocidental, cultivam um […]

Reality shows e totalitarismo comunicacional

Interessa-nos para aqui a reflexão que qualquer linguagem pode fazer sobre si mesma. A pintura desde muito cedo oferendou-nos trabalhos que incentivavam a reflexão sobre a representação. As Meninas de Velasquez possibilitam a figuração da complexidade do olhar do artista. Mais recentemente Magritte, no célebre quadro intitulado Isto não é um cachimbo põe em causa […]

Sobre os simulacros: amplificações da verdade?

Muitas coisas são obscenas porque têm demasiado sentido, porque ocupam demasiado espaço. Atingem assim uma representação exorbitante da verdade, isto é, o apogeu do simulacro. Jean Braudrillard (1990). As Estratégias Fatais. Lisboa: Editorial Estampa. * Também poderá estar interessado em ler: O fenómeno do carjaking

O código das imagens

Num filme ou série que presenciei na televisão, deparei-me com a seguinte cena: um casal conversa num elevador, enquanto aguardava pelo andar desejado. Estão de frente para a porta. Nas suas costas, um amplo espelho. As portas abrem-se, entram e saem pessoas. é então que a sensação de estranheza se torna evidente: a câmara filmou […]

Uma «pedagogia» do dinheiro

Nos últimos anos, diversas televisões nacionais foram invadidas pelos concursos mais improváveis: fechavam-se pessoas em casas, filmando depois as suas interacções e especulando sobre elas; acorrentavam-se seres humanos, entre muitas outras situações. Em certos países europeus, chegou-se inclusive a pensar em fazer um programa com um doente terminal e um conjunto de possíveis receptores dos […]

A palavra de honra: ditos e por dizer…

Declara nas rádios, em tom acusador, um dirigente partidário: «foi uma quebra grave da palavra de honra.» Ao que pretendeu dizer, soma-se ainda o não dito – revelador – há quebras pouco graves da palavra? * Também poderá estar interessado em ler: Vinho e crédito ao consumo Laocoonte ou a maldição do saber Terrorismo e […]

Mitos do eternos retorno

Estamos rodeados de aparelhos e dispositivos electrónicos de vária proveniência, de indubitável modernidade, mas no seu âmago encontramos a mesma matéria humana que nos acompanha desde que começámos a pintar cavernas: estamos rodeados de histórias que não se movem. A expressão surge a propósito da estrutura subjacente ao espectáculo das telenovelas. Efectivamente, podemos, a qualquer […]

Uma lição dos Druidas

Parece que os Druidas, à época de Júlio César, recusavam passar o seu saber religioso à forma escrita… diziam que assim perderiam capacidades mnésicas. Numa época, como a nossa, em que muitas outras componentes da inteligência foram já informatizadas, como encarar esta lição druídica? * Também poderá estar interessado em ler: A abolição da memória histórica A banda desenhada […]

Os mercados…

Os interaccionistas simbólicos defendem uma posição conhecida: “se uma situação é definida como real, ela é real nas suas consequências…” Ora, os mercados definem que Portugal não conseguirá pagar as suas dívidas e os juros sobem… As consequências tornam-se mais pesadas, a premissa inicial torna-se cada vez mais verdadeira. * Também poderá estar interessado em […]