O que é o conhecimento? Como encontrar a verdade? Eis perguntas sem resposta definitiva… a não ser que digitemos alguma palavra-chave num motor de busca e recebamos, sem incómodos de maior, respostas à distância de um clique. E se formos preguiçosos, não é importante: copiamos o texto e plasmamo-lo no local em que for mais conveniente.
Estes simples gestos levantam uma série de questões. Uma delas, bastante curiosa, tem que ver com a própria autoria que se vai diluindo, perdendo a escrita o seu espaço numa espécie de oralidade grafada em que tudo é de todos – excluindo por isso a subjetividade que a autoria empresta a cada um dos textos criados. Saber ler não é apenas ler as palavras escritas mas senti-las num pensamento que é próprio de outra pessoa. A eterna migração dos textos, que parece desenhar-se na internet, fere essa interrelação podendo, em última análise tornar a leitura mais pobre.
Outro aspecto importante tem que ver com a natureza que atribuímos ao conhecimento e à vertente educativa que ela implica: é que no fundo delegamos a um motor de busca a responsabilidade da pesquisa – um movimento inevitável dirão e até a um certo ponto estaremos todos de acordo. Acontece apenas que os resultados da pesquisa obedecem a muitos outros critérios: popularidade dos sites; número de actualizações; número de acessos de acordo com determinadas palavras-chave. Enfim, toda uma série de critérios em tudo estranhos à «verdade» ou sequer a uma certa objectividade do conhecimento. Os resultados flutuam conforme o mercado dos links e dos sites.
Será indispensável sujarmo-nos nesse mercado? Certamente. A questão educativa que se põe é ensinar às crianças não só a pô-lo em causa, a ter um juízo crítico sobre os resultados.
É certo que o saber move-se. Temo-nos de adaptar às novas tecnologias. Elas maximizam gestos, põem-nos em contacto com uma quantidade de informação dificilmente evocável por outras vias. No entanto, é um computador a pesquisar por nós – e é isso que devemos ter o cuidado realçar também às nossas crianças.
O saber move-se – repetimo-nos – mas nem sempre como os motores de buscam teimam em indicar.