«Temos esta relação, mas não dá mais, não tenho culpa». Ou ainda este comentário: «o ditador ficou imóvel ao lhe ser lida a sentença (que o deu como culpado) parece não ter sentido nada.»
Quer no nosso dia-a-dia, quer nos noticiários sobre temas nacionais ou internacionais o sentir alcandora-se a verdadeira realidade. Indagamos novamente o treinador: «como se sentiu nesta vitória?» É sobretudo um poderoso critério de verdade: eu sou sincero se comunicar o que sinto; sou perspicaz se me apercebo o que o outro sente.
Mas… e se formularmos o nosso problema ao contrário? isto é: se cedo ao que sinto, não me estarei a desresponsabilizar? Por outras palavras: sentir não será também uma forma de pensar? E se achar que não sou responsável pelo que sinto não me estou a empobrecer como pessoa, uma vez que estou a desistir de refletir sobre mim mesmo? Ou será que dá mais jeito assim?
Pelo menos é mais fácil: não sinto nada, logo não tenho responsabilidades perante o outro. O ditador é realmente culpado uma vez que demonstra não ter sentimentos – nem coração para os gerar.
E pronto: desta forma é muito fácil ler o mundo e não o perceber.
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