Os anglicismos invadem constantemente a nosso língua. A velha prática do auto-retrato, tantas vezes utilizada pelos grandes mestres da pintura ocidental como que se popularizou. Popularizou e renovou-se a partir de novos suportes tecnológicos. Eis que o auto-retrato se transformou em selfie.
As redes sociais transbordam atualmente de selfies. O eu como primeiro plano de diversas paisagens: o Louvre, as pirâmides do Egito, a torre Eiffel. Os sorrisos, os olhares felizes… mas também os amigos ou as relações amorosas.
Deparamo-nos recentemente com o vocábulo dronie. Provém do cruzamento dos conceitos drone e selfie. O drone é, como sabemos, todo o dispositivo aéreo controlado remotamente. A selfie aérea, ou dronie, é permitida quanto um dado drone, equipado com um aparelho de captura de imagem, fotografa a própria pessoa que conduz o drone.
Estávamos já habituados às manobras mais inesperadas de Narciso: o computador, como um espelho para nos mirarmos: a moda como um campo de procura desenfreada de si mesmo… Eis, porém, que Narciso embarca num drone e passa a um estatuto esvoaçante – como o monstrengo de Fernando Pessoa.
Um Narciso histriónico e inconsequente… mas altamente tecnológico.