Uma das tendências das campanhas publicitárias passa pela apropriação – indevida, diríamos nós – de frases e palavras apetecidas. Listemos alguns exemplos: «grátis»; «oferta»; «barato». Já a palavra «saldo», sendo objeto de regulação específica, deixou de ser tão apetecível, tanto mais que a importação da «rebaixa» – vocábulo de origem castelhana mas facilmente percetível a um ouvido lusitano, permite fazer saldos a qualquer altura.
Grátis é, numa campanha de telemóveis, a obrigação de pagar vinte aéreos por mês para poder efetuar livremente – e gratuitamente, ó ironia! – chamadas a quem se quiser (dentro de determinada rede).
Mais tortuosa ainda, por que nos sujeita a um movimento de vai-vem, é esta frase que li na semana passada: «compre já o seu cartão oferta».
(originalmente publicado aqui)
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