Sobre o desperdício

Logotipo do jornal O Primeiro de JaneiroComecemos por uma situação a que assistimos: numa padaria, um rapaz pediu que lhe dessem um saco para os oito ou dez pães que acabara de comprar. O dono recusou, alegando que a venda lhe deixaria de dar lucro uma vez que os sacos de plástico lhe saíam caros. Dispensou apenas um saco em papel… De seguida, fazendo-nos seu cúmplice, lembrou que no tempo dos seus pais o que se usava era um saco de pano. Lembrámo-nos que era assim… que se usavam sacos de pano, bordados com este ou aquele motivo. Eram reutilizados vezes sem conta.

O avolumar de desperdício nas cidades modernas começa um pouco assim, por pequenos gestos a que não damos importância e cujas consequências avolumam os nossos sacos do lixo. Também o marketing é responsável por muitos detritos: na procura de visibilidade nas prateleiras engrandecem-se as caixas para um produto que é muito mais pequeno. Um exemplo flagrante acontece com os tinteiros para as impressoras: a uma caixa minúscula corresponde, uma enorme quantidade de papel e de invólucros plásticos.

Também muitos dos nossos hábitos quotidianos passaram a requerer energia. Cada vez mais moramos longe do local em que trabalhamos, cada vez mais dependemos das tecnologias de comunicação. Usamos os telemóveis para fazer lembretes, para nos recordarmos. As agendas tornaram-se electrónicas e actualmente alguns passpartou tornaram-se computorizados, capazes de projectar uma sucessão de imagens… Em tudo isto se gasta energia.

Assim, o problema do lixo, da eficiência energética não deve ser só uma conta mais a sobrecarregar o consumidor. Deverá existir legislação que regulamente, por exemplo, a relação entre o produto que se compra e a embalagem que o envolve. Um outro aspecto importante centra-se na mudança de hábitos: em se pensar em quais dos nossos pequenos gestos podemos prescindir e, com isso, poupar energia. Nessa mudança, a questão dos preços, de onerar o consumidor, é apenas um item de uma equação muito mais vasta.

O Primeiro de Janeiro, 12 de Novembro de 2008.

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