Quem não se lembra das imagens do embate do avião contra as Twin Towers ou a queda desamparada de Feher a meio de um jogo de futebol? As reacções de surpresa e desamparo suscitadas por eventos inauditos são exploradas à exaustão por muitos dos actuais meios de comunicação. Dir-se-ia que as emoções captam a atenção e é apenas por ela que as televisões, as rádios e os jornais desencadeiam uma desenfreada luta.
É brutal a diferença se assistirmos a reportagens e telejornais dos anos setenta. Incomparavelmente, essa época produziu muitos mais acontecimentos no nosso país do que qualquer outra década recente da nossa história. No entanto, os pivot da altura narram um facto que termina logo de seguida. Não se segue qualquer histeria informativa.
Actualmente, o procedimento é totalmente oposto. As imagens repetem-se uma e outra vez, à saciedade. Pronunciam-se sobre ela uma lista infindável de opinion makers como se o que acontece ficasse incompleto, irremediavelmente incompleto, sem alguém que nos venha explicar. As audiências deixaram de poder formar opiniões sem o aviso sábio de alguém mais experimentado. Vejam-se os debates políticos… para além dos projectos e ideologias o que conta mais é a performance televisiva. Como se se tratasse de um espectáculo teatral e os peritos conseguissem medir o impacto das actuações.
Emoções e choque… Seguido do acompanhamento paternalista do fazedor de opiniões. Satirizando: ter opinião é algo muito sério… algo que não pode ser deixado ao acaso.
Urge, assim perguntar qual a função dos mass media. Será realmente informar? Ou antes catalizar medos que infestam as nossas cidades modernas e transformá-los em espectáculo?
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