Histórias de vida e método biográfico: nota sobre uma investigação

agricultorNota sobre o artigo: Les récits de vie: outils pour la compréhension et catalyseurs pour l’action

A história de vida permite tornar objeto de estudo científico o sentido que diversos atores dão às suas ações, através da sua capacidade reflexiva. O método biográfico não se pode reduzir apenas à vertente da compreensão mas também como uma forma de intervenção sobre os próprios sujeitos preparando catalisadores da ação, no contexto de abordagens de investigação ação.

A investigação de que agora nos acercamos implica a análise das histórias de vida e a construção de uma cartografia cognitiva, num primeiro momento. Uma fase posterior é centrada na simplificação do método por forma a mobilizar os atores dos projetos de agricultura.

A trajetória de vida é constituída por um entrecruzamento de linhas biográficas, nomeadamente o contacto dos sujeitos com diversos dispositivos de normalização, por exemplo: percurso escolar, profissional, vida familiar, social, saúde, trajetória residencial e itinerário político

Estas dimensões são organizadas em três eixos principais: os lugares, os tempos e as temporalidades e, finalmente, as redes e quadros estruturais. A sucessão de situações assim vividas dá lugar a formas identitárias que não se organizam de forma linear mas são pelo contrário organizadas em bifurcações.

Uma história de vida mobiliza diferentes “ingredientes” envolvidos numa tomada de decisão: o “tempo longo da história dos quadros sociais, o tempo geracional da família e suas heranças, o tempo mais curto do indivíduo e nas suas interações quotidianas…” (p. 2).

O artigo faz ainda uma retrospetiva sobre o historial do método biográfico desde as suas raízes aos momentos mais importantes, registados no interior de uma tradição francófona.

Há ainda destaque para o instrumento da carta cognitiva que se organiza graficamente evidenciando ligações entre conceitos. Sendo que os conceitos correspondem a regularidades sentidas nos acontecimentos narrados, objetos que são depois formalizados através de etiquetas na dita carta.

O artigo descreve depois o trabalho com jovens agricultores quer nos momentos de recolha de dados e (co)construção de sentidos mas também na vertente da ação e devolução dos significados aos sujeitos.

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Sophie, C., Cécile, F., & Pascale, M. M. (2014). Les récits de vie: outils pour la compréhension et catalyseurs pour l’action.

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