As eleições para a OPP – algumas anotações

piano e ritmosSegunda eleição e primeira com duas listas para os vários corpos da Ordem dos Psicólogos Portugueses. A campanha eleitoral foi animada e, no cômputo geral, digna. Claro que existiram algumas discussões acaloradas. Outros indignaram-se com comentários e supostas acusações que, sinceramente, não conseguimos localizar na web. Muitos outros foram apanhados de surpresa pela existência de um nível de discordância que se consubstanciou numa lista constituída por profissionais conhecidos e de relevo de todas as zonas do país.

O debate entre os dois candidatos teve honra de transmissão televisiva. Muitos defenderam que o líder da lista A, e atual bastonário, dominou todos os dossiers e apresentou uma segurança positiva.

Das bandeiras erguidas, duas – e as suas consequências – serão aqui objeto de breve anotação. A primeira é a questão dos colégios da especialidade. Este assunto arrasta-se desde os tempos da APOP em que presenciei sessões em que esta questão foi levantada e em que não se obteve resposta conclusiva. Mais tarde, em sessões já com representantes da Ordem e até num focus group em que participei, explorou-se o tema. No entanto, nunca consegui perceber a direção do que se estava a fazer.

Informalmente, neste período de eleições, tentei atualizar-me sobre este assunto. Nada soube de concreto a não ser que teria sido já aprovada a questão dos colégios – uma obrigação incontornável que estamos obrigados internacionalmente – mas que tudo estaria suspenso, aguadando legislação específica. Enfim, sob este prisma, o voto na lista A constitui a passagem de um cheque em branco relativamente a um assunto tão delicado e que pode afetar o exercício da profissão de todos nós.

Chegamos aqui, à segunda bandeira a que queria fazer referência, a questão do cheque psicológico. O nome é atrativo e charmoso. Os colegas fora dos serviços poderão exercer a sua atividade… No entanto a ideia, de que não se conhece os contornos, não é isenta de perigos. Bastaria substituir o conceito de cheque pelo de outsourcing para perceber o motivo.

O cheque dentista, ideia inspiradora desta proposta, que consequência teve na respetiva área? Os médicos dentista e higienista orais não foram contratados para os serviços do estado e, não lhes pertencendo, não conseguiram influenciar as decisões efetuadas sobre as suas áreas profissionais. Ou seja: os profissionais dessas áreas não estão no interior dos serviços e apenas através da respetiva Ordem profissional conseguem ser ouvidos – uma voz exterior e não interior.

O cheque psicológico é, pois, um assunto da máxima importância com potenciais efeitos perniciosos. Foi uma bandeira erguida e não suficientemente debatida.

Mais assuntos poderia enumerar aqui. Muitos corretamente resolvidos pela atual direção. No entanto, estas duas bandeiras são, a seu modo, ilustradoras de um certo funcionamento e atitude face aos colegas.

Assim, é motivo de ponderação algumas ideias da lista B  – a quem já publicamente manifestei o meu apoio – listemos algumas: o funcionamento de delegações regionais mais próximas dos associados; a auscultação sistemática dos membros da Ordem relativamente a estes e outros assuntos sensíveis; uma política específica em relação a zonas mais isoladas do país.

Para terminar: existem profissionais competentes nas duas listas e que prezo pessoalmente. Espero que a lista eleita faça um bom trabalho no próximo triénio e que saiba conviver com a oposição – seja ela constituída por membros das atuais listas A ou B – na Assembleia dos Representantes.

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