A atração da subjetividade

PerspectivaNo início da década de noventa ofereceram-me uma entrada para um filme francês ou belga de cariz experimental. Tratava-se de uma obra extra-longa com oito a nove horas. Seguíamos as peripécias do realizador quase em tempo real à medida que ia planeando uma visita ao México. Acompanhávamo-lo também quando descansava e se sentava numa esplanada para tomar uma refeição.

Era então que se efetuava um desdobramento. Em voz off o realizador dissertava sobre o que sentia no momento da filmagem.

Uma espécie de jogo de espelho de eus.

O curioso é que esta estratégia tem vindo a tornar-se comum em diversos formatos audiovisuais, por exemplo: o concorrente comenta a sua prestação à medida que ela é novamente passada em revista; indaga-se o futebolista nos seus pensamentos e emoções à medida que revemos os golos que marcou na temporada.

Escalpelizemos o outro – é essa a principal fonte de autoridade para decifrarmos o real – nunca a nossa razão…

(originalmente publicado aqui)

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fotografia do autor

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