Um novo telespetador – uma audiência inexistente… Dizia-nos uma aluna, durante uma sessão de promoção da saúde que, quando estava a navegar na net, mantinha a televisão ligada. Versávamos o tema da higiene da atenção, do número de janelas ou separadores abertos: em que medida nos conseguimos concentrar de forma continuada numa determinada informação ou estímulo?
A esta cacofonia internáutica somava-se outro ecrã, desta vez televisivo, a debitar estímulos. Mas… afinal por que motivo mantinham a televisão ligada? – indagámos de seguida, a resposta foi desconcertante: para fazer companhia. Então a televisão é equiparada a uma pessoa que está ao nosso lado, sem que precisemos de lhe prestar constantemente cuidado? Perguntámos novamente: uma televisão faz-nos companhia? Percebemos, de imediato, que a questão não era polémica mas consensual.
A sessão terminou mas esta passagem fez-nos continuar a pensar. Em que medida um segmento (cada vez mais) significativo dos telespetadores não estão a ver os programas mas mantêm apenas os aparelhos ligados por rotina ou hábito? Será que o espaço mediático comum se está realmente a fragmentar? – achamos que sim… por este e muitos outros indícios.
Quanto a nós, o nosso propósito junto dos alunos foi promover a necessidade de pensarem a concentração e capacidade de atenção como competências que necessitam ser cuidadas.
De facto, certas formas de se navegar na internet ou de utilização de dispositivos tecnológicos (quer seja a televisão, o telemóvel a consola portátil entre muitos outros) parecem pelo contrário, desenvolver a dispersão e a atenção flutuante.
E depois como voltar atrás, quando for necessário estar desperto?
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(fotografia do autor)