A method in search of a theory: peer education and health promotion de Turner e Shepherd
Este artigo, de 1999, é uma interessante revisão bibliográfica do tema da educação de pares. Não uma revisão no sentido de se saber quais as últimas investigações e resultados sobre o tema, mas antes sobre quais as teorias da psicologia e da sociologia podem, de uma forma ou de outra, contribuir para a prática deste instrumento.
Assim, o artigo mantém a sua atualidade enquanto meio de fomentar reflexão e escolha para projetos que queiram utilizar esta metodologia de trabalho. As teorias listadas são complementares e ajudam a concetualizar as diferentes funções do educador de pares, de acordo com diversos vetores teóricos.
Eis uma breve listagem:
A Teoria da Aprendizagem Social de Albert Bandura que tem como pontos fortes a credibilidade, o empowerment, a modelagem social e o reforço. Encara o educador de pares como uma fonte de referência.
A Teoria da inoculação Social de McGuire que trabalha a credibilidade que os educadores de pares podem ser importantes fontes de modelagem social e que as formas de educação apresentadas pelos pares podem ser consideradas aceitáveis.
A Teoria dos Papeis de Ted Sarbin em que, de acordo com as expetativas do tutor, os pares podem ser propostos às funções de pseudo-professores. Este método foi objeto de discussão, por que pode pôr em causa o desempenho dos educadores de pares junto das comunidades em que eles se inserem.
A Teoria da Associação Diferencial, desenvolvida por Sutherland e Cressey, propõe que o crime é aprendido num processo de interações sociais. Os pares são vistos assim como alguém que tem influência negativa. Os defensores da educação de pares defendem que os pares podem também ensinar hábitos saudáveis que promovam a saúde. Centra-se sobretudo na educação de pares como instrumento que pode ser potenciado através das redes de amizade.
As Teorias da Subcultura desenvolvidas por Cohen e mais tarde Miller: as subculturas podem ter um papel importante. Certas inciativas de promoção da saúde podem ser desenvolvidas no interior de certas subculturas. Alguns autores consideram que certos projetos de educação de pares refletem as concetualizações dos adultos em vez dos mais novos. Este instrumento pode ser uma boa forma de ultrapassar esta distância. Muitos dos mais novos, objeto de vários projetos, podem não se identificar com a agenda da saúde.
Finalmente a Teoria da Comunicação de Inovações de Rogers e Shoemaker: as inovações tendem a adotar um padrão similar de disseminação, começando com os inovadores, a maioria inicial e, finalmente, a maioria tardia.
Os agentes de mudança influenciam líderes de opinião, que no fundo, são os educadores sociais. O padrão estabelecido em termos de comunicação é a homofilia, isto é a comunicação entre iguais.
A educação de pares é vista, pois, como um instrumento de intervenção per si, sendo valorizada como instrumento isolado. Os autores avaliam todas as teorias em termos de uma série de linhas de benefícios que de seguida disponibilizamos:
– Binómio custo eficácia;
– Credibilidade;
– Empoderamento;
– Naturalismo, no sentido de potenciar redes e estruturas sociais já existentes;
– Eficácia;
– Modelagem social;
– Fornecer benefícios;
– Aceitabilidade;
– Capacidade de intervenção em contextos difíceis;
– Reforço.
*
Referência completa do trabalho:
Turner, Glen, and Jonathan Shepherd. “A method in search of a theory: peer education and health promotion.” Health Education Research 14.2 (1999): 235-247.
Que pode ser lido aqui http://her.oxfordjournals.org/content/14/2/235.long
*
Também poderá estar interessado em ler: