A metáfora da caverna sempre fascinou os homens desde os tempos da antiguidade, quando descrita por Platão, e simbolizou os extremos de alienação de que o ser humano é capaz. Mais recentemente Saramago no seu romance com o mesmo nome situou no grande centro comercial, um lugar fechado ao exterior, o cenário de uma alienação moderna. A perda do controle de si sempre foi algo que nos atraiu. Mesmo sob enquadramento religioso as possessões, os atos demoníacos, a necessidade de exorcismos cativou e suscitou receio. Por isso, as novas tecnologias desencadeiam em muitos de nós medo e repulsa. Tele é um prefixo grego moderno que quer dizer distância. Eis o que as novas tecnologias conseguem realizar: colocar a distância num simulacro de proximidade. Um simulacro cada vez mais indistinto do real, vivido por alguns de nós em vez do real. Um simulacro que, frequentemente, se apresenta como a própria realidade. A segunda parte da palavra que intitula este trabalho tem que ver com a amnésia, o esquecimento. Trata-se pois de um esquecimento induzido à distância e por isso mesmo insidioso. Um dos vetores importantes para a reflexão que agora iniciamos tem que ver com a passagem em revista de algumas das tecnologias tele como a televisão, os telemóveis, os videojogos e a internet como denominador comum a muitos deles. Anotaremos especificidades de cada dispositivo, assim como formas de utilização de que são alvos. A linguagem e o modo como a informação se apresenta será também uma fulcral dimensão analítica.
*
Continue a ler aqui