Numa passagem de História da República Romana de Oliveira Martins, o autor declara que ser feliz é um ato da vontade. Em demasiados filmes e livros reitera-se a história de Cupido: um homem e uma mulher são subitamente fulminados por uma paixão avassaladora. Depois de semanas e meses de agrura e sofrimento, eis que tudo é redimido. A alegria e as emoções positivas jorram em abundância.
A posição do autor é digna de reflexão. No século XIX a vontade era uma dimensão da humanidade bastante importante: não se podia ceder às emoções de uma forma cega, sem um pensamento que as enquadrasse.
Claro que esta ideia pode parecer bastante fria ou calculista nos dias de hoje. Na verdade vivemos demasiadas vezes no pólo oposto: gerir as nossas vidas pelas emoções, como se essa fosse a verdade última e deixássemos de ser responsáveis pelo que sentimos.
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