A etiquetagem, noção proveniente da sociologia, rapidamente se disseminou pelas ciências sociais. Encaramo-la, para este texto, como uma forma de tirar conclusões sobre o outro. Todos nós formamos imagens mais ou menos estáveis das pessoas com quem convivemos. É um movimento indispensável à vida social.
Autores da área do interacionismo simbólico tornaram evidentes casos extremos, em que um dado papel social – normalmente com forte carga estigmatizante – congela a interação, induzindo fortes sentimentos de repulsa e exclusão.
Sem nos centrarmos em dramatismos, devemos ter consciências que, no nosso dia-a-dia, processos de etiquetagem vão ocorrendo. Profissionais podem pensar: este doente é impulsivo, este outro conflituoso. Também os doentes tiram conclusões: esta enfermeira é maldisposta, este médico é estranho.
Como dissemos, ter imagens dos outros é imprescindível à vida social. Em termos profissionais pode até ajudar a organizar uma postura ou uma estratégia para a consulta e, neste sentido, ajudar à eficácia.
Existe ainda a necessidade de uma reflexão suplementar: se achamos este doente de um modo; ou se nos consideram um profissional de outro, que portas estaremos a fechar?
De outro modo: se acharmos um doente agressivo em que medida isso nos impede de vê-lo na sua globalidade? Ou de criar condições para ele se dar mais hipóteses de se ver a si mesmo?
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