O eu incómodo

eu incomodoDiversos cientistas sociais e estudiosos das organizações se interessaram pela forma como a imagem do eu se constrói no interior de uma equipa de trabalho. Goffman, um conhecido sociólogo, propôs o termos de equipas de desempenho como conceito organizador dessa cooperação formal e informal onde essas imagens vão sendo formadas e desenvolvidas.

A janela de Johari, neste particular dá conta de processos de comunicação interpessoal compreendendo duas variáveis que se combinam: o eixo do eu e o eixo dos outros, assumindo os dois um valor conhecido e desconhecido. Definem-se, assim, quatro áreas: a área cega (aquilo que é conhecido dos outros mas desconhecido de mim); a área aberta (conhecida de mim e dos outros); a área desconhecida (uma vez que é desconhecida de mim e dos outros) e, finalmente, a área oculta (conhecida de mim mas ocultada para os outros).

Outras propostas, mais na área da psicologia dinâmica, teorizam essa área desconhecida tendo em conta  processos de projeção e de inconsciente. Petriglieri & Stein (2012) em Unwanted Self, termo que inspira o título deste texto, procuram realçar dimensões similares. Os trabalhadores ou subordinados projetam desejos e conflitos pessoais nos seus superiores. Deste modo, todos nós temos um eu incómodo que desconhecemos mas que integra a nossa imagem pessoal e profissional nos locais em que nos movemos.

(originalmente publicado aqui)

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