As consultas, com a era da informática, deixaram de se centrar exclusivamente no eixo doente profissional de saúde para possuírem um novo vértice – o computador. É através dele que se acede rapidamente à informação, é nele que se faz a prova da existência da consulta, a prescrição e até a passagem de recibos.
Deste modo, existe uma outra presença nos gabinetes de saúde. Do ponto de vista do utente, também ele imerso num mundo em constante informatização, o novo elemento não é propriamente um desconhecido.
Um estudo recente calculou que os médicos dedicam 25% do tempo da consulta a olhar para o computador. Numa outra resenha leu-se, contudo, que não existem modificações nos níveis de satisfação dos utentes com a introdução deste amigo computorizado.
Nessa mesma revisão bibliográfica observou-se que os médicos que usavam computador eram mais ativos na «clarificação de ideias e encorajamento de questões». Por outro lado, observou-se uma queda na exploração da dimensão emocional e impacto das patologias nas vidas dos doentes.
Os computadores parecem, assim, permitir a introdução de eficácia e objetividade nas consultas… mas à custa do vetor humano?
O computador deve ser o terceiro incluído de modo a trazer vantagens à consulta, mas não se constituir num empecilho à relação entre dois seres humano que é o pano de fundo, afinal, de qualquer relação de ajuda.
Fontes:
Carrapiço, E., & Ramos, V. (2012). A comunicação na consulta. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, 28, 212-22.
Mendes Nunes, J. M. (2007).Comunicação em Contexto Clínico. Lisboa: Bayer Health Care.
Silva, N. M. G. D. (2011). Ruídos e interferências na comunicação Médico-Doente: uma revisão bibliográfica.