Desafio numa sala de aula, pergunto o que é necessário para navegar na internet. As respostas sucedem-se por caminhos previsíveis: ter um computador, ligação, ter um browser… Mas nunca me dou por satisfeito. Há algo muito importante que não se estão a lembrar. Silêncio. Mostro então uma imagem com um computador e uma cadeira vazia. Já conseguem com esta pista?
De facto não é um computador que navega no mundo virtual, mas um computador dirigido por um ser humano. É esta interface que importa explorar desde logo na sua dimensão corporal. É um corpo que se senta na cadeira, são olhos que perscrutam o monitor que se perdem num scan rápido dos links (a palavra scan serve para sublinhar que se trata de um gesto informático mimetizado por seres humanos).
Achamo-nos incompletos e ineficazes por não nos ligarmos a máquinas. Ao fazê-lo esquecemo-nos, por vezes, que ficamos sempre do lado de cá, do mundo material, sentados em cadeiras: usamos mãos, ouvidos, olhos…
Que cuidados a ter nesse aspeto? Recoloca-se aqui a questão dos estilos de vida saudáveis. Estar frente a um computador largas horas é apenas uma nova forma de sedentarismo. Ardem os olhos? O braço está dormente por ficar sempre na mesma posição segurando o rato?
Enfim, as escolas ao sensibilizarem os mais novos relativamente a uma navegação segura na internet estão, certamente, a cumprir o seu papel. Aos diversos atores envolvidos na promoção da saúde caberá também reequacionar a velha questão dos estilos de vida saudáveis no novo contexto do uso das tecnologias.