Hoje, vamos tentar concretizar alguns dos conceitos de que falámos em textos anteriores. Uma das competências que consideramos fulcral em termos da construção de um projeto de educação para a saúde tem que ver com a capacidade de adaptar dinâmicas de grupo a objetivos específicos.
Temos de ter em conta que, em muitas obras, as dinâmicas estão descritas em termos genéricos e que as questões que essas mesmas dinâmicas suscitam têm pouco suporte, cabendo ao dinamizador, sem outras delongas, geri-las.
É claro que o dinamizador deve desenvolver competências pessoais. E, para além das competências de lidar com o grupo propriamente dito, deverá da mesma forma desenvolver competências de planeamento.
Com isto, chegámos ao nosso assunto: a dinâmica da caixa de dúvidas. Trata-se de recurso sobejamente conhecido que descreveremos muito rapidamente. Trata-se de um dinâmica de início em que se pede aos participantes que escrevam em pequenas folhas, as dúvidas que tenham face a um tema que se vai abordar. Essas folhas são depois depositadas numa caixa onde são misturadas. Depois, sob anonimato, cada participante tura uma dessas perguntas, lê-la ao grupo e inicia-se uma pequena conversa. E assim sucessivamente.
De seguida, o dinamizador conduz o debate. Está bom de ver que, conforme a instrução a dinâmica pode variar consideravelmente: as dúvidas podem-se transformar «no que aprendemos»; ou «o que deixei no grupo». Assim, em lugar de uma dinâmica de expetativas, teremos dinâmicas de fim ou de súmula e aprendizagem.
Regressemos, porém, um pouco atrás: a exploração das dúvidas pode transformar-se, ela própria, em dinâmica. Vejamos um caso muito simples: após todos terem depositado a sua dúvida na caixa, o dinamizador mistura-as e pede que cada participante retire uma dúvida e a classifique de 1 a 5. Quanto todos tiverem feito a classificação dão o papel dúvida à pessoa que estive à sua direita e procede-se a nova classificação e recolha para a caixa.
A discussão será orientada depois para as dúvidas que suscitaram mais concordância e as que menos concordância desencadearam. Será pois uma discussão mais balizada.
É esta capacidade de adaptação, uma competência indispensável e passível de ser trabalhada, a nível do saber fazer, para quem quer trabalhar com dinâmicas de grupo.
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